melhores do mês: junho/2020

Tenho a impressão de que o isolamento social potencializa a importância das coisas que consumimos na internet. Com os ânimos sempre muito delicados e a vida passando em um ritmo mais lento e, ao mesmo tempo, muito mais rápido*, as coisas que lemos e assistimos na internet podem definir o humor do dia. Bom, do lado de cá da tela as coisas tem acontecido assim. 

* Escrever isso me fez questionar se Einstein precisou ficar trancado em casa para entender a relatividade do tempo.

Foi por isso que eu decidi fazer uma lista com as coisas mais legais que eu vi (e lembrei de anotar) durante esse mês. Ainda não sei se vou fazer essa lista todo mês ou se só vou fazer em meses específicos. Vamos dar tempo ao tempo - já que "tempo" parece ser a palavra-chave desse post.

imagem por anniespratt

Esse blog foi ressuscitado no início de junho e, uma semana depois, me vi desesperada para fazer uma nova postagem. Eu tinha alguns temas em mente, mas não conseguia fazer o texto render e acabei entrando em uma grande espiral de culpa por estar prestes a abandonar outro blog. Acabei publicando um post meio improvisado só para me livrar deste sentimento. No meio dessa situação, encontrei o vídeo da Nátaly Neri sobre Slow Blogging e foi perfeito. Se você já se sentiu mal por não ter conseguido acompanhar o ritmo da internet, produzir conteúdos de qualidade em tempo mínimo e estar por dentro de todos os assuntos do momento, veja esse vídeo. A Nátaly tem muita responsabilidade com tudo o que produz, tem um estilo de vida muito coerente com os seus princípios e é uma grande inspiração no meio desse caos doido de gente querendo aparecer e ganhar biscoito que é a internet. Inclusive, é apenas por causa desse vídeo que estou me permitindo publicar esse post quase no meio do mês. 

A Tati é uma das pessoas mais legais que eu conheci na internet e ela tem um projeto maravilhoso que é o Rata de Biblioteca. Durante o mês passado ela participou de uma postagem coletiva no seu IG literário no instagram e fez esse post que tocou direto no meu coração. Quando eu era mais nova, os perfis literários não eram tão comuns, mas não preciso pensar muito para saber que eu me sentiria menos leitora por ver tantas pessoas com estantes abarrotadas de livros e eu apenas com "a menina que roubava livros", "crepúsculo" e algumas enciclopédias velhas. Nessa época, comprar livros não era uma opção (economicamente falando) e, além disso, minha mãe sempre teve uma postura muito rígida sobre a compra de livros. De acordo com ela, se você compra um livro, lê, coloca ele em uma estante e não empresta para ninguém, nem lê novamente, você está monopolizando o conhecimento e impedindo que alguém o acesse. Eu nunca concordei muito com essa visão, mas é engraçado pensar que eu conseguia ler muito mais livros quando não tinha dinheiro para comprá-los. No fim das contas, o hábito da leitura pode ser medido pelo tamanho da sua estante? Acho que não, né?

O mês de junho também ficou marcado pela minha obsessão por consumir conteúdos sobre true crime. Descobri o podcast Que crime foi esse? e maratonei todos os episódios. Para quem gosta desse tipo de conteúdo, recomendo ouvirem o caso Yara Gambirasio porque é uma das investigações mais extensas e minuciosas que eu já vi. Para quem não gosta tanto assim, recomendo o episódio sobre o massacre do Carandiru. Podemos fazer duas reflexões sobre esse episódio: 1) a prova de que o discurso "bandido bom é bandido morto" não funciona. Toda ação tem uma reação e a reação ao massacre foi a criação do PCC. "Matar bandido" não resolveu o problema da violência e ainda dificultou ainda mais o combate ao crime (principalmente o tráfico de drogas); e 2) esse discurso serve à alguém. Não serve aos bandidos, que morrem. Não serve aos policiais, pois a polícia brasileira é a que mais morre no mundo, a profissão é extremamente perigosa, psicologicamente desgastante e mal remunerada. E, obviamente, não serve ao restante da população - aqueles que não são nem bandidos, nem policiais -, pois continuamos sofrendo com o crime e a violência. Então, à quem isso serve?

Entrando no espírito do dia dos namorados, a Nuta escreveu um texto sobre estar solteira depois dos 30 e a importância do amor-próprio. Ainda não cheguei nos 30, mas me identifico muito com essa pressão para conseguir um relacionamento. O texto também fala sobre o perigo de cair na armadilha de projetar nossa felicidade e nosso amor-próprio em um relacionamento amoroso. E, para  nos lembrar de que cada história de amor é única (e algumas podem ser muito peculiares), a Mia escreveu esse texto sobre Modern Love. Para quem não sabe, tanto a série quanto o livro são derivados de uma coluna do The New York Times que publica crônicas amorosas enviadas por seus leitores. Fiquei com muita vontade de ler o livro depois da comparação que a Mia fez entre essas crônicas e as adaptações delas para a série.

Já o meu entretenimento musical ficou por conta do Desafio do 1 Segundo do Canal Riff, em que os participantes ouvem o primeiro segundo de uma música e tentam adivinhar o nome e a banda. Conheci o canal porque eles fizeram esse desafio com músicas do Green Day e do Blink 182 e fiquei viciada no formato. Confesso que sou muito ruim e sempre esqueço o nome das músicas, mas é bem divertido assistir os participantes brincando. Fica mais legal se você pausar o vídeo e tentar adivinhar antes deles, fica a dica. 

Ainda no Youtube, me deparei com a seguinte questão: se a maioria dos serviços oferecidos pelo Google são gratuitos, como eles ganham dinheiro? Se você já se fez essa pergunta ou se nunca tinha parado para pensar nisso, mas agora não consegue evitar a curiosidade, assista o vídeo em que o Átila (biólogo e pesquisador) explica como a empresa não só usa as suas informações para produzir marketing sob medida, mas também faz com que você treine tecnologias de Inteligência Artificial sem nem mesmo perceber. 


Para terminar, recomendo um podcast que ouvi esse mês, mas que foi lançado no mês passado. Editando o Isolamento é uma crônica que foi escrita e narrada pelo Rafael Magra (do Gugacast) e que conta a rotina de um editor de podcast durante o isolamento social. Acabei me identificando muito com a história e estou prestes a subir as escadas e parafusar todos os móveis dos meus vizinhos no chão para ver se eles param de ficar arrastando eles para lá e para cá o dia inteiro (inteiro! Das 6:30 da manhã até meia-noite, eu não aguento mais!!!)

Me conta aí nos comentários qual foi a coisa mais legal que você viu na internet durante o mês de junho - ou nesse mês mesmo. Conteúdo bom nunca é demais. 

Abraços e até a próxima.

Comentários

  1. Você pensou e escreveu o post com tanto afinco que ele ficou atemporal, ou seja, qualquer um que chegue aqui a qualquer momento da vida vai achar legais as indicações mesmo que não seja mais junho/2020, esse negócio de slow bloging é muito bom, já tinha visto o video da Nátaly e tenho tentado praticar desde então.
    Devo dizer que foi culpa sua eu começar a ouvir O caso Evandro e só não continuei nem ele nem outras histórias de true crime porque empaquei na parte das confissões, eu simplesmente não consegui mais, tava me fazendo meio mal, mas é um trabalho excelente de narração e pesquisa.
    O desafio do 1 segundo me lembrou muito aquele quadro do Faustão onde eles ouvem um acorde e tentam adivinhar hahaha, desculpa a comparação.
    No mais, estou amando sua nova fase no blog! Obrigada por compartilhar!
    Beijos <3

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    1. True Crime é um negócio pesado mesmo, é melhor parar de ouvir/ler sobre quando não estamos nos sentindo bem. Você falou desse programa do Faustão e eu lembrei do Qual é a música porque era basicamente isso, né? Um monte de gente tentando adivinhar que música tava tocando. Nunca vou esquecer daquele cara com a maquiagem no rosto (tipo desenhos), eu achava o máximo!

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  2. Que legal o compilado de assuntos que você acessou no mês. Com certeza, as notícias que ouvimos e vemos, as coisas que lemos mudam muito nosso humor do dia, e ainda pior, podem prejudicar no nosso inconsciente, sem nem percebermos, vamos nos colocando na bad.

    www.vivendosentimentos.com.br

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    1. Sim! E é difícil monitorar isso porque nem sempre percebemos que estamos nos sentindo mal enquanto consumimos o conteúdo. As vezes só sentimos o peso no fim do dia :/

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