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Mostrando postagens de 2020

planners feitos por mulheres (2021)

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Você pretende comprar um planner para se organizar em 2021? No Twitter, vi muitas pessoas reclamando por terem "desperdiçado" os planners de 2020 porque, enfim, "não aconteceu nada nesse ano" - além de uma pandemia, o que já é bastante coisa. Essa reclamação não fez muito sentido para mim porque ficar trancada em casa aumentou minha necessidade de controle, registro e planejamento. No meu trabalho presencial, tínhamos um quadro onde anotávamos as datas importantes e nos lembrávamos constantemente das reuniões e eventos agendados para a equipe. Na falta desses artifícios, tentei lembrar de tudo "de cabeça", mas acabei me perdendo nas datas e, de brinde, ganhei um episódio de dissociação. imagem por  @bajkorenata Por isso, comecei a anotar todas as reuniões, prazos e, por orientação da minha psicóloga, também anotei coisas aleatórias do meu dia. Esse hábito melhorou muito a minha qualidade de vida durante o isolamento porque me tornei consciente das minhas o

vulnerabilidade

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imagem por  @all_who_wander Em 1974, Marina Abramović permaneceu de pé, inerte, durante seis horas em um dos salões do Studio Morra, em Nápoles (Itália). Na sua frente, havia uma mesa com 72 objetos - dentre eles uma faca, uma rosa, um copo com água, um pedaço de bolo, um batom, uma arma carregada com uma bala, um chapéu, um Band-Aid - e uma placa onde se lia:  Instruções: Há 72 objetos na mesa que podem ser usados em mim como desejarem.  Performance. Eu sou o objeto. Durante esse período eu me responsabilizo totalmente. A performance artística, conhecida como Rhythm 0 (ou Rítimo 0, em português) começou às oito da noite e foi até às duas da manhã. No início, as pessoas se mostraram tímidas, desconfiadas, apenas liam os dizeres da placa e se afastavam. Com o tempo, os mais corajosos começaram a se aproximar. Pegaram a rosa e colocaram em sua mão. Lhe deram de beber. Usaram o batom para riscar seu rosto. Apertaram os espinhos da rosa contra sua pele. Fizeram um corte em seu pescoço e be

reflexões sobre o livro "maus"

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imagem por @jeancarloemer Chegamos aqui no campo de concentração Auschwitz. E nós sabia que daqui nós sai nunca mais... Nós conhece as histórias. Vão dar gás e jogar nós nas fornos. Isso era 1944... Nós sabe tudo. E nós estar lá. A Segunda Guerra Mundial sempre foi um tema popular entre os meus colegas de escola. No ensino fundamental e médio, esperávamos ansiosos por aquele momento em que os professores deixariam de lado o jocoso governo Jânio Quadros para estudarmos a ascensão de Hitler na Alemanha economicamente destruída * . Já era de se esperar que nós não nos interessaríamos por um governo brasileiro que ficou popularmente conhecido por uma frase não dita (as tal "forças ocultas" que figuram nos livros de história, mas que nunca foram escritas na carta de renuncia de Jango), mas o interesse pela Segunda Guerra ia muito além de uma preferência narrativa. Esses eventos históricos nos prendiam mais do que qualquer outro. Para além dos símbolos, das cores, dos

metamorfose | notícia crônica

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imagem por  @georgiadelotz _ Júlio! Ô Júlio! Ô JÚLIO!!! Era sempre assim. Toda vez que Sara mandava Júlio lavar a louça, ele sumia. Já estava quase na hora do jantar e as vasilhas usadas no almoço ainda estavam sujas e empilhadas na pia. Onde estava o marido? Ah, mas ela ia fazer um escândalo quando ele chegasse em casa! Sara estava cansada de arcar com as tarefas domésticas sozinha. Combinado era combinado! Dessa vez, ela ia dar-lhe um belo de um cacete para ele aprender a não dar uma de João sem braço para fugir de suas tarefas. _ JUUUUULIOOOOO!!!! Mas parecia que Júlio tinha tomado um chá de sumiço. Procurou em todos os cômodos da casa e no quintal, mas ele não estava em lugar nenhum.  Quando Sara estava prestes a gritar seu nome mais uma vez, deparou-se com o gafanhoto. Estava prestes a tomar um susto, mas o susto parou no meio do caminho. Aquele bicho não era normal. Ele era grande demais! Parecia ter mais de dez centímetros de comprimento e era... estranhamente familiar. Sara che

melhores do mês: junho/2020

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Tenho a impressão de que o isolamento social potencializa a importância das coisas que consumimos na internet. Com os ânimos sempre muito delicados e a vida passando em um ritmo mais lento e, ao mesmo tempo, muito mais rápido*, as coisas que lemos e assistimos na internet podem definir o humor do dia. Bom, do lado de cá da tela as coisas tem acontecido assim.  * Escrever isso me fez questionar se Einstein precisou ficar trancado em casa para entender a relatividade do tempo. Foi por isso que eu decidi fazer uma lista com as coisas mais legais que eu vi (e lembrei de anotar) durante esse mês. Ainda não sei se vou fazer essa lista todo mês ou se só vou fazer em meses específicos. Vamos dar tempo ao tempo - já que "tempo" parece ser a palavra-chave desse post. imagem por anniespratt Esse blog foi ressuscitado no início de junho e, uma semana depois, me vi desesperada para fazer uma nova postagem. Eu tinha alguns temas em mente, mas não conseguia fazer o texto render e acabei ent

reflexões sobre o livro "os sonhadores"

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imagem por  @saseko Pense em William James [...] que uma vez comparou qualquer tentativa de estudar a consciência humana a acender uma lâmpada a fim de examinar melhor a escuridão. Por mais que Karen Thompson Walker faça referência a William James ao dizer que o ser humano é complexo e difícil de estudar, a mesma parece ter captado muito bem nossa essência ao descrever perfeitamente um cenário que, há menos de seis meses, era impensável para a maioria de nós. Se estivéssemos na época da inquisição, ela seria facilmente acusada de ser uma bruxa viajante do tempo - ouso dizer que essas acusações poderiam ser feitas atualmente, caso o povo brasileiro tivesse amplo acesso à leitura. Apesar disso, cá estamos: presos dentro de casa ou arriscando nossas vidas hoje para garantir nossas vidas amanhã - mesmo sem saber direito como será esse tal amanhã.  O " novo normal " já é a expressão de coach mais odiada entre os internautas e as fake news e teorias da conspiração fascinam alguns e

insetos na quarentena

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É, eu sei. Você deve estar pensando "sério, Natália? Insetos?". Pois é, insetos.  Tenho a mania de tirar fotos de coisas aleatórias em ângulos estranhos e depois jogar um monte de filtros e efeitos na edição para ver no que aquilo vai dar - um passatempo inútil, já que eu nunca dediquei meu tempo a estudar fotografia e, como você vai perceber nesse post, não tenho talento natural para a coisa. Uma das coisas que costumo fotografar são insetos. Antes de me julgar, saiba que insetos são bonitinhos, sim! Tudo bem, eles podem ser assustadores e chatos, mas eles também podem ter asas e anteninhas extremamente detalhadas, com padrões de disposição superinteressantes. As pessoas só têm dificuldade em perceber esses detalhes. Talvez isso aconteça porque os insetos costumam se mover rápido demais e/ou perto demais da sua cara.  Ou talvez porque eles têm o péssimo hábito de tentar se aproveitar da sua comida. Ou porque eles podem causar alergias em algumas pessoas. Ou porque alguns tra

pensamentos de escrita

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Tudo o que eu escrevo é sobre escrever. Se você me acompanhava finado blog LAPSOS, me segue no twitter (aka melhor e pior rede social do mundo) ou já prestigiou uma das minhas tentativas fracassadas de começar uma newsletter, sabe que a escrita tem sido um grande fardo para mim. A menina que era reconhecida por escrever bem decidiu entrar em um mestrado e toda a sua confiança foi sugada pelo monstro do mundo acadêmico (caso você tenha curiosidade, escrevi um pouco mais sobre esse rolê aqui ). Desde então, as crises se acumulam no meu colo: crises de identidade, crises de ansiedade, crises criativas, crises existenciais e, óbvio, a crise da escrita. Toda nova tentativa que eu faço de voltar a escrever com prazer começa com um monólogo existencial sobre essa briga eterna entre a escrita e eu. E eu imagino que você que tem acompanhado todas as minhas lamúrias - e até mesmo você que acabou de cair de paraquedas por aqui -  pode estar se perguntando " menina, se isso é tão difícil par